Diário de Bordo
Viagem Calcutá – Lisboa
Outubro 1527
8 de outubro de 1527
Hoje
estamos iniciando a nossa viagem de volta para Lisboa, compramos muitas
especiarias e o capitão espera ganhar muito dinheiro vendendo para os
burgueses. Nosso leme já foi consertado, quando estávamos vindo para a Índia
bateram na nossa popa e isso quebrou o nosso leme dificultando a nossa chegada.
Partimos em direção a Melinde na costa oeste da África.
11 de janeiro de 1528
Tornamos
o cabo da boa esperança, há alguns dias paramos em Aguada de S. Braz para pegar
mantimentos e deixar um homem que teve escorbuto por falta de vitamina C. Por
causa da falta de alimentos na nossa embarcação, temos apenas carne, cebola,
azeite, vinagre, biscoitos secos, com consumo restrito.
23 de janeiro de 1528
O
capitão Manuel foi forçado a fazer uma parada de emergência hoje. Onze homens
da nossa caravela pegaram Leptospirose e foram retirados. Esta doença é muito
comum nas embarcações por causa das condições de higiene precárias. Agora temos
apenas 54 homens a bordo.
2 de fevereiro de 1528
Hoje
eu, que estava limpado o convés, e alguns homens que estavam hasteando a vela, sentimos
fortes pancadas na parte de fora da proa. Eu deixei meu escovão de lado (pois
sou apenas um moço de convés) e fui ver o que acontecera. Chegando lá me
encontro com um homem encharcado e desesperando, ele me disse que seu navio
tinha sido atacado por piratas africanos. Levei-o imediatamente para o capitão
Manuel.
10 de abril de 1528
Por
conta das muitas perdas de marinheiros o capitão parou ontem em uma vila na
costa leste da África que foi colonizada por portugueses. Mais de vinte homens
embarcaram no nosso navio. Felizmente o senhor capitão me promoveu a
contramestre.
28 de abril de 1528
Um dos
homens novos no navio comentou comigo que pouco antes da nossa chegada a vila
um navio grande com muitos canhões saiu de lá. E que hoje de manhã seus amigos
lhe mostraram o mesmo navio que os aterrorizou. Eles acham que são os piratas.
18 de junho de 1528
O
capitão fez algo muito estranho hoje, quase bateu em uma Nau que vinha da
Espanha e saiu da nossa rota. Mais chegamos ilesos a nossa última parada antes
de chegar em casa. Acho que alguns homens querem fazer um motim contra o
capitão Manuel.
27 de junho de 1528
Os
homens se viraram contra Manuel que agora não é mais capitão. Os poucos que
ficaram com ele foram presos pelos seus companheiros no porão. Manuel agora está
preso em seu dormitório. Infelizmente não fui nomeado capitão, mas meu grande
amigo Joaquim (novo capitão) me pois de capitão de cabotagem.
2 de julho de 1528
Estamos
muito perto de Portugal só mais alguns dias e estaremos em terra firme. Mas
Manuel foi à loucura e jogou todos os instrumentos no mar. Astrolábio, balhestilha,
quadrante, foi tudo por água a baixo. A única coisa que nos restou foi a minha
velha bússola.
8 de julho de 1528
Finalmente
depois de vinte meses chegamos em casa de novo. Muitos homens nos deixaram
durante a viagem e serão reconhecidos pela comunidade. Joaquim voltou para a
pequena vila na costa para levar de volta os bravos homens que embarcaram nesta
viagem. Nós vendemos as especiarias e conseguimos dinheiro para sustentar
nossas famílias por algum tempo.
No comments:
Post a Comment